Rupaul’s Drag Race

Você ama realities como America’s Next Top Model e Project Runnaway? Imagine que alguém juntou os dois, misturou bem e aumentou o volume lá no alto: assim é a competição de queens no Rupaul’s Drag Race.
Divertido, ousado e inspirador, o show consiste em uma corrida pra lá de acirrada, recheada de provas que exigem talentos diversos, criatividade e sagacidade entre as competidoras, bem nos moldes tradicionais dos realities americanos. O apresentador, que também dá nome ao programa é a drag americana mais famosa de todos os tempos, uma celeb nos anos 90 por lá.

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Atualmente, o programa acaba de finalizar sua nona edição em novo canal, o VH1 e, com a presença estrelada da Lady Gaga. Mais do que um programaço de sexta a noite, curiosamente, tem muito a ensinar. Então, seguem as 8 coisas que aprendi sendo viciada em Rupaul’s Drag Race.

1. Shade e outras palavras novas!

Não sei como vivi quase 40 anos sem usar “Shaaade”. Literalmente, a tradução é “veneno”.  Dentro do jogo da fala, fica algo como “venenoooosa”. Mas, como não dá pra falar isso sem imitar o Clodovil (RIP), shade virou minha expressão favorita quando alguém está gongando (olha aí outro termo gay) outra pessoa.
Algumas da gírias usadas no programa fazem referência à cultura gay, como: realness, eleganza, category. Eram termos que rolavam solto nos ballroons dos anos 80, que eram festas onde as queens competiam em centenas de categorias. Tem um documentário sobre o assunto chamado “Paris is Burning”, tem lá no Netflix.
Mas, as bibas brazucas não ficam pra trás quando o assunto é vocabulário: por aqui não é raro que uma gíria dessas transborde as fronteiras do universo LGBT e acabam até na boca da minha mãe, tipo: rosa chiclete, tô passada, fervida.
Em resumo: gay sabe tornar o discurso interessante!

2. Sempre há tempo de ver um homem gostoso de cueca.

Não precisa te contexto, de repente tem um gato exibindo o bumbum! Porque não posso ver e admirar um homem sexy de cueca?  As queens ensinam que não podemos ter vergonha de ter libido, não tem pecado nenhum nisso.

3. Não existe “to much” quando o assunto é moda.

Entre super brincos e super colares, fiquemos com os três! Claro que tem um desconto, é uma roupa de show. Mas, garanto que após uma maratona de Rupaul’s Drag Race você vai ter uma suave vontade de sair por ai “acontecendo” no figurino. Vontadinha de brilhar!

4. Aqui tem coragem!

O preconceito contra gordo existe e é cruel. Mas, não lembro de ninguém ser morto exclusivamente por conta disso, ou, expulso de casa pelos pais. No programa, quase todas as participantes tem histórias de abandono parental, de violência, de medo e dor por conta de sua orientação sexual.
O mundo não dá espaço para elas: são somente portas fechadas em todos os aspectos. Mas, a maioria encara a batalha de cabeça erguida e sem cair do salto. Gente valente.
E você aí reclamando que não tem roupa pra você na C&A.

5. Gente gorda também pode ser fabulosa!

Mesmo que nenhuma drag plus size ainda tenha ganho alguma das 9 edições de Rupaul’s Drag Race, elas não são ratadas de forma diferente por conta do seu tamanho. Pelo contrário, sempre são elogiadas por suas curvas e não hesitam em mostrá-las! Nada de disfarçar aqui ou ali.
Além dos looks incríveis, as “big girls”. também não ficam atrás no quesito dança e flexibilidade!  

Latrice Royale, season 4.

Para você ficar por dentro, seguem algumas aí 😉

Jiggly Caliente, season 4.

Jiggly Caliente, season 4.

Jaidynn Diore Fierce, season 7.

Jaidynn Diore Fierce, season 7.

Ginger Minj, season 7.

Ginger Minj, season 7.

Delta Work, season 3.

Delta Work, season 3.

6. o poder da maquiagem

Se você acha que a arte do contorno no make é cria das Kardashian, saiba que as drags já fazem isso há muito mais tempo. Algumas delas têm guias plásticas para fazer com exatidão alguns traçados, especialmente da bochecha. A técnica também é usada pra deixar a peruca mais natural e o rosto mais fino e feminino.
Outra, aplicava a base no rosto e ia fazer oturas coisas, alegando que a base precisa “cozinhar” no próprio rosto.

7. O talento é capaz de superar qualquer coisa.

O que mais me atrai nesse programa é justamente a oportunidade de ver talento. Não só em algo pontual, como cantar ou atuar; o que já é ótimo de ver. Talento no sentido de conjunto eficiente de vantagens aplicadas ao prático: como um ser humano tem a incrível capacidade criativa de driblar qualquer obstáculo. Fico deslumbrada com tanto poder de invenção rápida, tanta sagacidade. Quando crescer, queria ser assim.

8. Mulher não nasce pronta.

Quando você olha uma celebridade no tapete vermelho você não imagina que tem um staff que passou as últimas 48 horas debruçado sobre aquela mulher, fazendo com que o “bonitinha” naturalmente se transforme em “Red Carpet Godess”.  Tem lingerie tecnológica, botox, peruca, make caríssimo e toda sorte de truques. Uma mulher bonita é uma ilusão.
No programa, você vê homens lançando mão de um arsenal de forma inteligente para criar justamente essa ilusão. Se um cara de dois metros de altura pode virar uma mulher belíssima em algumas horas, você também pode. Não tenha vergonha de precisar disso.

9. Você só será você se estiver usando cílios postiços.

Não consigo mais ser eu sem eles. Sério.

10. Dá pra montar um look incrível a partir de qualquer coisa.

No show as drags têm provas onde devem montar um look em algumas horas a partir de praticamente LIXO. Já rolou: cortinas velhas, sucata, roupa de brechó da igreja, restos de fantasias, doces, papel. Sai cada coisa incrível, mesmo para as queens plus size. Não tem desculpa pra ficar saindo por aí toda sem graça, bora aprender!

11. A melhor arma pra vencer na vida é rir de si mesmo.

Tem uma etapa no programa que chama “The Library” onde cada participante tem que destilar seu veneno e ofender, com muito humor, as demais concorrentes.  E, fica tudo bem depois.
Se nós, mulherzinhas, formos fazer isso será o estopim para Terceira Guerra Mundial. Somos treinadas para nos levarmos MUITO a sério.
As queens sabem que melhor rir com você do que de você. São as primeiras a fazerem graça com seus defeitos e isso as tornam irresistíveis.
Todos os episódios são recheados de humor o tempo todo, e, em nenhum momento, depreciativo. É possível conquistar espaço social de uma forma leve e bonita.

12. De onde veio VOGUE, da Madonna.

Sou fã de Madonna desde criança. As letras provocantes não eram um obstáculo porque nem eu, no alto dos meus sei lá, oito anos, nem meus pais sabíamos patavinas de inglês. Era liberado. Eram os 80’s, bem. Tudo podia.
No começo dos anos 90, eu ficava dançando sozinha no meu quarto os passinhos de Vogue, um hit do começo daquela década. Adorava imitar aqueles bailarinos incríveis, que moravam em algum lugar entre homem e mulher e eram, simplesmente, fabulosos.

A coreografia não nasceu a partir do hit da cantora, o caminho foi justamente o  inverso. Vogue era um estilo de dança próprio da cena gay nova-iorquina do final dos anos 80, onde as pessoas imitavam as acrobáticas posições das modelos nas páginas da revista Vogue.

Eu de novo falando de documentário no Netflix: “Strike a Pose” conta tudo.

13. Não é só gorda que curte um título de MISS

Se o título de Miss tradicional já não significa mais quase nada, no mundo plus size, as meninas gastam o que tem e o que não tem pra conseguir qualquer coroa, por mais risível que seja. No mundo gay mostrado em RuPaul’s Drag Race também.
Existe toda uma indústria lucrativa por lá, mirando nesse público. As gordas daqui e as queens de lá investem nos concursos porque estão buscando loucamente um pouco de glamour e aprovação. Como se finalmente alguém dissesse “você é bonita e perfeitinha como é”. Acho que terapia sai mais barato no fim das contas, e, é mais eficaz. Mas, jamais tão divertido!

14. Se você não ama a si mesmo, como diabos você poderá amar alguém?

Amém, mama!

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