Mayra Sanches em editorial de 2003.

Quem vê uma vitrine de tamanhos grandes hoje e torce o nariz, não imagina o que era ser gorda nos anos 90. Gorda e jovem. O número de lojas especializadas era tão reduzido que cabia em um quarteirão e você tinha que se dar por feliz de ter o seu tamanho. Nas prateleiras, todo sortilégio de coisas dignas de pesadelo  oe look oficial era regata 3 buracos de javanesa estampa floral-chita + fuseau de gorgurão. “Não gostou? Anda pelada.”
No começo dos anos 2000, comecei um trabalho de formiguinha com o site e aproveitava o contato com os lojistas pra reclamar e palpitar. O aumento de gordinhos jovens fez com que os empresários percebessem que não podiam mais impor aquele baião de dois a todas nós.
Meio perdidos em atender essa fatia nova do mercado, os responsáveis pelo estilo das marcas deram muitas bolas fora. E a gente usou, não adianta negar. Já era um avanço à javanesa e ficamos empolgadas….
Foram quando surgiram as eras: teve a das franjas, do chiffon, das cores de fita de isolamento de cena de crime e a pior e mais duradoura, a do jeans bordado.
Foi de 2001 a 2004 mais ou menos. Não tinha um jeans básico nas araras. E não pense em um cristalzinho isolado no bolso: pense em meia perna de oncinha brilhante, couro, bordados vazados, desenhos que tomavam a perna inteira + pedrarias. Até hoje eu não sei como a mulherada lavava aquilo.
Era tão surreal que mesmo as fashion victims GG não consiguiam engolir. Devo confessar que passei, meus early 20´s sem usar calça jeans por isso. Quando finalmente sucumbi e comprei uma capri (90 ave-marias e 10 salve-rainhas já!) com bordado floral nas duas pernas, a moda passou e eu ganhei um short´s de faxina. Amém!