Preconceito contra fumante existe. E tem tudo a ver conosco. Entenda o porquê das novas leis anti-fumo ameaçarem nossa liberdade obesa.
Eu já não posso beber. Agora também não posso mais fumar. Sair à noite está cada vez menos divertido pra mim. E se você é não-fumante e está tirando um barato dos seus amigos que tem que ir na chuva dar uma tragadinha, melhor pensar duas vezes.
Tudo bem que todo fumante deveria ser bem-educado e não fumar em ambientes fechados. Não é nada agradável voltar pra casa mais defumada que presuntinho. Mas, excluir os viciadinhos em nicotina do convívio social é um pouco demais.
Esse tipo de medida é a legitimação do preconceito. Porque mesmo em lugar aberto e ventilado, não se pode fumar. No estacionamento do super mercado, com tanto gás emitido pela combustão do motor dos carros, é o meu Marlboro Light que vai matar a criancinha? Então não é proteção ao pulmão do não-fumante, é segregação.
Essa perseguição aos nicotino-dependentes não é nova e faz parte de uma paranóia consumista de culto ao que é dito saudável. Explico: não vai demorar muito a aplicarem essa lei de exclusão ao obeso.
De fato, nos EUA, já existem uma penca de leis para espetar os mais cheinhos, inclusive com um “importo sobre gordura”, uma taxa mensal de US$25 para gordinhos que não “se cuidarem”. Ou seja, não estiverem comprometidos com a redução de peso.
Se amanhã algum cientista desocupado confirmar a hipótese (que já existe) de que obesidade pode ser contagiosa, ferrou. Não posso mais usar elevador também. O jeito vai ser ir morar no Acre, se ele realmente existir.
A “caça às bruxas” praticada contra fumantes e obesos é embasada pelo mesmo dogma que também segrega idosos, deficientes, pessoas sem filhos e até a bagunça da sua gaveta do escritório. Os preceitos de que devemos ser jovens, ativos, trabalhadores, funcionais, magros é explicada por alguns teóricos como um conjunto de valores que nos prepara e qualifica como mão de obra e diminui os gastos do Estado com o cidadão.
Ou seja, é ferramenta de manutenção do “gado”.
Moralistas e simplistas declaram que as leis são um “incentivo” a que o cidadão cuide melhor de si mesmo e que não onere o sistema de saúde por decisões particulares. Essa preocupação toda com a minha saúde desaparece quando o assunto é poluição, stress gerado pelo caos da vida urbana e até mesmo os danos causados a minha psique e ao meu corpo pelo preconceito social que sofro, inclusive pela classe médica.
A prova de que o preconceito é econômico e ferramenta de manipulação política e passa bem longe de uma inocente preocupação com a saúde do próximo vem de outra minoria: os vegetarianos.
Que Nossa Sra. Do Bom Churrasco me perdoe, ainda sou carnívora. Mas convivendo com um vegetariano passei a me identificar com eles. Sabe aquela dificuldade que você tem de achar uma lingerie sexy no 52? Eles tem em achar opções em um cardápio de fast food por exemplo. E comer carne não é saudável.
Em tempo: seja evoluído(a) e contra o preconceito. Independentemente se ser gordo ou não, fumante ou não, idoso ou não, cadeirante ou não: entenda que esses valores tão embutidos na nossa cultura só marginalizam todos nós em um ou mais pontos. Mesmo que você ache que a obesidade ou tabagismo seja uma doença que deve ser combatida, segregue a doença e não o doente.
Eu endosso a liberdade individual: http://www.fumantesunidos.org/