Entre algum lugar entre o Dia Internacional da Mulher e o Dia das Mães, é de se parar para pensar sobre o verdadeiro papel feminino nos nossos dias. O oito de março foi instituído para lembrar nossas destemidas antepassadas que marchavam pela igualdade numa opressora rotina das fábricas, mas virou um bom pretexto para vender flores e celebrar a futilidade girlie moderna.
Já o Dia das Mães nasceu com vocação comercial mesmo bem descarada e acabou virando o “segundo natal do comércio”.
Está nos comerciais, nas novelas e nas conversar pequenas de nosso dia-a-dia. Mulher gosta mesmo é de maquiagem, compras, bebês e marido de cueca freada. A mulher deve ser bonita, delicada e conciliadora (mas uma devassa na intimidade). Deve ser magra e jovem, se possível loira.
Para nossas maquiadas-anoréxicas-consumistas herdeiras do mundo infantil, ser bela é a ÚNICA forma de ser mulher. Notoriedade e dinheiro? Só através de Hollywwod/Vogue. O mundo está ficando feudal com as mulheres novamente. Mas nós estamos achando lindo porque tem cada sapato LUXO no caminho…
Mas, enquanto algumas mulheres morrem fazendo uma lipo para perder 2 quilos, outras mudam o mundo. E são respeitadas nele. São políticas, comandantes de grandes corporações, diplomatas. Mulheres que vieram de classes diferentes, famílias diferentes, mas que enxergaram que a beleza nos faz prisioneira. Heloísa Helena, Condolezza Rice, Michelle Bachelet (Chile).
A beleza que sonhamos em ter, a beleza que temos, as coisas belas que tanto queremos consumir e incorporar: tudo isso nos aprisiona e nos afasta da igualdade num mundo de homens.
Se olharmos as listas das mulheres mais poderosas da revista americana Forbes não vamos achar nenhuma beldade, 10% delas iriam com certeza merecer o rótulo de “mocréia” da arquibancada.
Nascer sem um rostinho perfeito, um nariz empinadinho e um corpo esguio não amedrontou essas mulheres, libertou-as para serem grandes.
Serem influentes e poderosas também não as impediu que fossem charmosas, vaidosas, sorridentes e bem-amadas, mães de família e tudo mais que acham que uma mulher deve ser. Se quiser.
Só é de se notar que em todas essa listas o número de gordinhas não é tão expressivo. Talvez, porque as mulheres com quilos a mais, além da insaciável busca pela beleza, ainda travam uma cruzada contra o próprio corpo. Tempo e energia que deixam de aplicar na vida, na carreira, nos estudos.
Mesmo as mulheres consideradas as mais belas tem detalhes pouco convencionais: Gisele tem um nariz que lhe fechou muitas portas quando inciante, Angelina tem aquele bocão, Juliana Paes tem quadril largo. E a Anita? Melhor nem começar.
Enquanto as bonitas estão no cabeleireiro, as feias estão dominando o mundo. De Maria Antonieta a Hillary Clinton. Certa está a Sarah Jéssica Parker, que é um pouquinho dos dois.
******** em tempo: faço parte do quartel das feias, com orgulho.*******
Texto adaptado do original de 2006.