O que o gordo e o japonês têm em comum? O mundo acha que somos todos iguais! É a gordofobia sushi.
Outro dia fui me despedir de uma amiga minha no hall em frente aos elevadores do meu prédio e a vizinha, uma senhorinha meio maluca, pegou no braço dela e começou a conversar com ela como se fosse comigo. Desfeita a confusão, ela soltou o inevitável “mas vocês são tão parecidas”, mesmo não o sendo em absoluto. Tudo diferente: cor do cabelo, do olho, da pele; altura, peso. em comum só o fato de ser gorda e sexy! 😀
Durante muito tempo, achei que eu nada mais era do que um tipinho comum. Quando criança, todas as velhinhas tinham uma netinha que era a minha cara, na rua todo mundo achava que eu era uma outra pessoa e os porteiros sempre acham que todas as minhas amigas são minhas irmãs.
Foi convivendo com a galera aqui do CriaturaGG que descobri que isso não acontecia só comigo, mas era um fato corriqueiro na vida dos gordinhos. Sabe aquela máxima de que “japonês é tudo igual”, pois para o mundo “gordo também é tudo igual”.
E pode ter cor pele diferente, tamanho de cabelo, fisionomia, altura. Ninguém pode ver dois gordos juntos que acham que é tudo família!
E, vivendo em São Paulo, capital, com tanto gordo e tanto oriental não sei como esse povo se vira para nos identificar!
Na verdade, isso é sintoma de um profundo desrespeito e preconceito da sociedade ao que é diferente: eles simplesmente não nos enxergam. Vêem somente um “borrão” largo ou de olhinho puxado.
O fato de ter quilos a mais ou ser culturalmente diferente já fecha automaticamente as portas da percepção para nossas características individuais. Por mais gritantes que essas diferenças sejam, ninguém as vê.
As vezes chego a pensar que se usar um nariz de palhaço muito pouca gente vai perceber.
Mas confesso que esse tipo de confusão me dá uma pontinha de prazer de vez em quando e serve de lição de moral para aquele tipo de menina que se acha o máximo só porque pesa 5kgs a menos: ela é uma gordinha sexy e você uma obesa mórbida.
Mas, para o mundo, passou de fofo, obeso é. Então aproveite e zoe: se perguntarem se é sua irmã, diga que sua irmã morreu e que não há ninguém ao seu lado; conte que eram siamesas até o 7 anos de vida e que a cirurgia pra separá-las passou ao vivo no jornal nacional e por aí vai. Não leve isso a sério.
Já que a confusão é inevitável, o respeito rareia, então pelo menos ria.
*Baseado em texto originalmente publicado em 2006. Em tempo: o movimento plus no Japão recebe o adorável nome de “marsmallow girls”!